"A Febre" estreia neste sábado em evento na Escadaria do Rosário, no Centro de Vitória

Publicado em 25/08/2016 às 11h07

Atualizado em 27/08/2016 às 20h09

Barbara Carolyne Nascimento

bnascimento@redegazeta.com.br

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Misteriosamente eles parecem surgir pela cidade. Às vezes, a tinta é preta, em outras, colorida. São nomes, mais conhecidos como "tags", frases, desenhos e muita sujeira. Pelo menos é o que pensa boa parte da sociedade ao olhar os graffitis e pichações espalhados por toda a Grande Vitória. Buscando mostrar o lado dos artistas e quebrar o tabu, João Oliveira iniciou a produção do documentário "A Febre", que estreia no próximo sábado (27), em evento na Escadaria do Rosário, no Centro de Vitória.

A ideia surgiu no final de 2013, ao ver uma reportagem sobre o graffiti no Estado. O diretor e produtor do documentário conta que viu a reação dos grafiteiros ao material exibido e que também não achou a forma correta de retratar a prática em uma matéria. O tratamento é frequente e o graffiti não tem um registro acessível a toda a população. Pensando nisso, ele convidou alguns amigos e começou a estruturar um documentário independente sobre o tema, mostrando o lado de quem produz o que é visto pelos muros e prédios capixabas.

Essa aproximação foi fundamental para que o documentário mostrasse ao máximo a diversidade do Graffiti e da pichação
Foto: Divulgação/João Oliveira

O diretor explica que passou a ter um contato maior com a cena ao produzir os registro. Essa aproximação foi fundamental para que o documentário mostrasse ao máximo a diversidade do Graffiti e da pichação para que, assim, eles se sentissem representados. Além de representá-los, Oliveira também tinha como objetivo registrar o momento atual e o crescimento da cena capixaba.

As consequências disso na sociedade também entraram para a lista, junto com a relação dos praticantes com o espaço urbano.

Cena capixaba e a repressão

Quando perguntado sobre a diferença entre a cena capixaba e a de outros Estados, o produtor é direto. "O graffiti é um movimento diversificado, que parte de conceitos básicos, mas é reproduzido de forma diferente em cada lugar. O documentário busca retratar essas diferenças e entendê-las", relatou Oliveira.

Sendo produzido há quase três anos, "A Febre" foi tendo uma proposta mais densa com o passar dos anos. Quanto mais estreito se tornava os laços com os personagens do documentário e suas reflexões, mais o papel do projeto era pensado pelos envolvidos. Por ser independente, eles puderam aproveitar melhor todas as etapas de produção e, ao mesmo tempo, se tornaram dependentes uns dos outros.

Graffiti e pichação acabam quase sempre ligadas ao preconceito. Tanto, que muitos entrevistados não quiseram se identificar ou participar do documentário. A visão de Oliveira também relata este estigma da prática. Para ele, o graffiti é mais falado e está envolto em uma discussão maior. Por outro lado, o produtor não concorda com a separação das duas vertentes e entende que é o próprio movimento que deve se identificar ou separar tais práticas. O que não ocorre por falta de oportunidade.

O diretor de "A Febre" destaca a discussão séria e coletiva do assunto como uma forma de mudar a atual situação
Foto: Divulgação/João Oliveira

Em Vitória, quem for flagrado pichando ou graffitando sem autorização poderá pagar multa de até R$9.000. Oliveira não acredita na repressão como forma de mudar a prática. Ele ressalta que o poder público parece se procurar bem mais com o graffiti do que com a violência, por exemplo. O diretor de "A Febre" destaca a discussão séria e coletiva do assunto como uma forma de mudar a atual situação de locais que sofrem intervenções do gênero.

O diretor enxerga o graffiti com o grito de pessoas. "O graffiti é, entre outras coisas, o grito de pessoas que não se identificam com esse projeto. Enquanto a sociedade não reconhecer isso, dificilmente se chegará a alguma conclusão", defende Oliveira.

Estreia

O documentário tem estreia prevista para o próximo sábado (27), a partir das 18h, na Escadaria do Rosário, no Centro de Vitória. Além da exibição do projeto, o evento conta ainda com batalha de tags e shows como o do grupo Conteúdo Paralelo e o do rapper Da Rua.

Confira o teaser

Serviço

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