Donas das Letras
Neste Dia Internacional da Mulher, o C2 foi atrás de quem deseja amplificar a voz feminina dentro e fora dos círculos literários e do mercado editorial representadas
Corra até uma livraria e perca-se entre as estantes. Atentamente, repare nas lombadas das obras disponíveis por lá: há mais livros escritos por homens ou por mulheres? Sim, existe uma disparidade de representação na literatura – um retrato da sociedade.
Isso, porém, nem de longe significa que vivemos desprovidos de escritoras. Neste Dia Internacional da Mulher, o C2 aproveita para colocar algumas delas sob os holofotes que elas merecem.
Se lá fora temos Wislawa Szymborska, Anaïs Nin e Svetlana Alexievich; aqui temos Clarice Lispector, Hilda Hilst, Ana Cristina César... Em nosso Estado há nomes como Elisa Lucinda e, entre tantas outras, a imortal da Academia Espírito-Santense de Letras, Bernadette Lyra.
Bernadette, inclusive, assina o texto opinativo “Mulher e Literatura” que abre a nova edição da revista literária “Trino”, publicação que será lançada amanhã à noite, em Jardim da Penha, em Vitória.
Logo no parágrafo inicial, a escritora provoca: “Nunca fui a uma conferência ou li um artigo que se intitulasse ‘homem e literatura’. Ainda que feitos por qualquer escritor encrespado, sisudo ou barbudo”.
Para ela, trata-se de uma brincadeira, mas uma brincadeira séria. “Não acredito nesses binarismos rígidos com que as culturas separam homens/mulheres e fatiam em obrigatoriedades de gênero os seus respectivos modos de criação literária. Quem escrever pode e deve ser livre para ser o que quiser”, enfatiza ela.
Segundo Isabella Mariano, uma das idealizadoras da revista ao lado de Lívia Corbellari e João Chagas, o tema lançado por Lyra foi a mola propulsora para fazer com que a segunda edição da “Trino” fosse voltada às mulheres.
“A partir daí ligamos todos os assuntos. Já tínhamos uma entrevista com a Karina (Buhr)... A matéria principal é de literatura na internet, que tem entrevistadas mulheres”, destaca.
Colaboradoras
Em sua segunda edição – a primeira foi publicada em julho de 2015 – 14 pessoas colaboraram; sete mulheres. A capa, por exemplo, foi feita pela ilustradora capixaba Kika Carvalho.
Além disso, o leitor que abrir as páginas da publicação encontrará a já citada entrevista com a multiartista Karina Buhr; além de artigos, poemas e até uma crítica do livro “Reivindicação dos Direitos da Mulher”, de Mary Wollstonecraft. Todos os textos citados foram escritos por mulheres.
Para Mariano, fazer com que a “Trino” seja um espaço que amplifique a voz feminina é uma meta. “É um objetivo editorial da revista que se dê mais espaço às mulheres”.
Confira nesta capa e na página 3 algumas artistas e escritoras que colaboraram com a “Trino” e com a arte feita no Espírito Santo.
Lançamento Revista Trino
Amanhã à noite, às 19h, no Jalapeño – Cocina y Cultura, Av. Francisco Generoso da Fonseca, 355, Jardim da Penha, Vitória. Entrada gratuita. A revista será vendida no evento por R$ 15. Informações: (27) 99229-6872.