Em seu primeiro disco, Lourenço Rebetez mescla o jazz com ritmos percussivos

Publicado em 15/06/2016 às 13h34

Atualizado em 16/06/2016 às 13h54

Mais do que compor um disco, Lourenço Rebetez queria que o primeiro álbum de sua carreira tivesse identidade. Para isso, o guitarrista, compositor e arranjador explorou caminhos que vão do jazz mais purista às percussões milenares dos terreiros de Candomblé.

O resultado desse percurso é o recém lançado “O Corpo de Dentro”, trabalho do guitarrista de 30 anos que estudou na Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP) e se formou em composição de jazz na Berklee College of Music de Boston, nos Estados Unidos.

Apesar de ter a guitarra como instrumento, Lourenço não transformou seu álbum de estreia em um disco de guitarrista. Nem mesmo se deu o trabalho de entrar em estúdio a fim de explorar sons convencionais. “Misturar sons orgânicos e eletrônicos era uma coisa que tinha vontade de fazer”, confessa o músico.

“Também achei interessante ter no meu trabalho essa coisa da produção como um elemento, quase como um arranjo das músicas”, complementa Rebetez, que convidou o instrumentista Arto Lindsay para assinar a produção.

“O conheci (Arto) por encarte, como produtor de discos que amava, como o 'Circuladô', do Caetano Veloso; os da Marisa (Monte) e o primeiro disco do Carlinhos Brown”, relembra o arranjador.

O disco

Os sete temas de “O Corpo de Dentro” são acompanhados de uma abertura e de dois pequenos interlúdios que funcionam, segundo Lourenço, como “aforismos musicais que sugerem uma ideia de algo”.

Após a primeira faixa, “Abertura”, entra “Ozu”, com naipes de metais embalando o piano, a guitarra econômica de Lourenço e o toque dos tambores. Já em “Pontieva”, os acordes de Lourenço se sobressaem num clima favorável para a improvisação dos músicos que o acompanham em estúdio.

Para a gravação de “O Corpo de Dentro”, Lourenço Rebetez contou com a contribuição de cerca de 13 instrumentistas: um trio responsável pela cozinha jazzística (bateria, baixo acústico e piano); um naipe de sopros e um trio responsável pela percussão.

Ainda de acordo com o músico, que tem ascendência baiana, incluir instrumentos de matriz africana em seu trabalho se deu com o intuito de conferir um sabor especial às composições.

“A intenção era usar a percussão como protagonista, trazê-la para o primeiro plano”, garante o guitarrista.

Ao trazer instrumentos como o Rum, Rumpi e Lé para o primeiro plano, Lourenço nos convence que eles podem assumir o papel de protagonistas. “Esses ritmos milenares podem servir de matéria prima para uma criação moderna e intrinsecamente brasileira”, ressalta.

O Corpo de Dentro - Lourenço Rebetez

Independente, 10 faixas. Preço: R$ 29,90. Também disponível para audição nas principais plataformas de streaming.

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