Novo disco de Fresno apresenta montanha-russa sonora

Fresno arrisca em "A Sinfonia de Tudo que Há", sétimo trabalho de sua carreira

Publicado em 14/12/2016 às 14h24

Atualizado em 14/12/2016 às 18h48

O ano que finda tem sido agitado para os caras do Fresno. Depois de rodarem o país na turnê comemorativa de uma década do lançamento de “Ciano” – que teve uma parada no Estado em agosto –, a banda acaba de lançar “A Sinfonia de Tudo que Há”, primeiro álbum cheio desde “Infinito” (2012). O disco, entre outras coisas, traz participação até de Caetano Veloso, que canta em “Hoje Sou Trovão”.

Foto: Divulgação
A banda Fresno

Logo de início, ao escutarmos o sétimo álbum de inéditas do grupo, a sensação é de que ele destoa de tudo o que eles fizeram nestes 17 anos de estrada. Algo nítido, segundo o vocalista Lucas Silveira, até para quem não acompanha os passos da banda.

“Não precisa ser fã que conhece a fundo. Aquele que tem um noção generalista vai ouvir esse disco e descobrir o que há de diferente”, explica.

A fala do músico pode parecer pretensiosa ou presa ao clichê que bandas utilizam para explicar suas novas ousadias musicais, mas não é nada disso.

“Sexto Andar” é prova da sinceridade da palavra do vocalista. A faixa que abre o álbum tem arranjos grandiosos; seus quase seis minutos de duração são entremeados de climas tensos, melancólicos e cheios de altos e baixos.

Toda essa atmosfera é costurada pela orquestra comandada pelo maestro Lucas Lima. “Neste disco a orquestra fala mais alto. Ela tem presença mais marcante”, destaca o vocalista. “O disco foi pensado para ser fônico. Tem uma banda de rock, mas há espaço para as cordas”, continua Lucas, sem deixar de destacar que, antes, esses recursos eram utilizados como adereços.

Dinâmica sonora

Num primeiro momentos, as idas e vindas na cadência de “A Sinfonia de Tudo Que Há” podem dar a impressão de estarmos diante de um álbum irregular.

“Este disco tem um negócio que não tinha nos outros álbuns que é uma dinâmica sonora. Há muitos altos e baixos nas músicas”, ressalta Lucas dando provas que a montanha-russa sonora foi algo pensado.

Mais uma camada de interpretação por trás da estrutura do álbum está na impressão de que cada uma das canções forma um arco de um personagem. “Existe uma história ficcional. Cada música meio que conta essa história”, diz o vocalista, que já lançou os livros “Eu Não Sei Lidar” e o recém-publicado “Amores Impossíveis e Outras Pertubações Quânticas”.

O enredo ficcional do disco deve, inclusive, ser publicado. Uma história que, na verdade é, inspirada no conceito de jornada do herói de Joseph Campbell.

“É, basicamente, uma história de como a música é capaz de salvar o mundo”, introduz Lucas sobre o plot distópico de “Axis Mundi” obra literária de título homônimo à nona e mais pesada música de “A Sinfonia de Tudo Que Há”.

A faixa-título, aliás, é quase uma ópera rock – a letra deixa claro o desafio que o personagem criado por Lucas está sendo desafiado a encarar.

Com tudo isso, não há como duvidar da ousadia que os caras da Fresno empregaram neste álbum. Por mais batido que pareça, o que ele mostra é um amadurecimento. E, se não isso, é certo pelo menos afirmar que “Sinfonia de Tudo Que Há” é o mais diferentes dos trabalhos que a banda lançou até hoje.

A Sinfonia de Tudo Que Há - Fresno

Independente, 11 faixas. Quanto: R$ 24,90 (disponível nas principais plataformas de streaming).

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