"Kong: A Ilha da Caveira" é puro entretenimento
Com ação desenfreada, humor e bons personagens secundários, "Kong" é o epítome do cinema hollywoodiano
Poucas cenas gritam mais “Hollywood” do que o gigante primata escalando um arranha-céus em Nova York com Fay Wray em mãos enquanto enfrenta aviões que querem tirá-lo dali e salvar a linda loira. O clássico “King-Kong” (1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, ajudou a criar os fundamentos da grandiosa indústria cinematográfica estadunidense – nada era impossível depois daquilo.
Muito mudou nos 84 anos que separam o lançamento do filme histórico da semana em que chega aos cinemas “Kong: A Ilha da Caveira”, nova empreitada do gorila gigante na telona, mas uma coisa é certa: ele ainda é a epítome do cinema de entretenimento feito em Hollywood.
Dirigido por Jordan Vogt-Roberts, diretor com currículo pouco expressivo, mas responsável pelo bom “Os Reis do Verão” (2013), o novo filme muda a maneira com que Kong é retratado. “Kong” finalmente utiliza do status de “rei” (“king”, em inglês) do personagem.
A trama se passa durante os anos 1970 em uma ilha do sudeste asiático, para onde uma expedição da empresa Monarch (a mesma de “Godzilla”...) parte a fim de explorar a estranha atividade sísmica da região.
A turma tem um representante da empresa (John Goodman), os militares liderados pelo coronel Packard (Samuel L. Jackson), além da fotógrafa Mason Weaver (Brie Larson) e do ex-militar britânico e rastreador James Conrad (Tom Hiddleston). Chegando à ilha, como o trailer já entrega, a equipe é recepcionada por seu cidadão mais famoso (captura de movimentos de Toby Kebbell), que é tratado como um deus e uma espécie de protetor dos habitantes locais.
Ritmo
“Kong”, o filme, é ágil desde o flashback que abre a projeção. Do momento que a expedição se depara com o gorila até a parte onde tudo é explicado e a trupe, “ao lado” de Kong, precisa enfrentar os seres que dão nome à ilha, tudo acontece rápido, como num jogo de vídeo game, com uma etapa engatilhando a outra.
Na ilha, surgem novos personagens como Marlow (John C. Reilly), um piloto americano que caiu na ilha por acaso durante a Segunda Guerra e lá permaneceu desde então. A presença de Marlow serve para ambientar os novos visitantes dos acontecimentos prévios daquele local, assim como funciona como um baita alívio cômico – Reilly transforma o didatismo de sua função em algo divertido e rouba a cena sempre que aparece.
O filme só derrapa com seus protagonistas – Hiddleston e Larson são atores bons demais para serem subutilizados como heróis de ação. O texto não tenta desenvolver os personagens para que o espectador tenha empatia com eles (os melhores diálogos, por exemplo, estão com personagens descartáveis). Ao invés disso, aposta na ação e em ser o “filme de monstro” que todos esperam que ele seja.
Com excelentes sequências de ação, “Kong” faz jus ao legado de seu protagonista nos cinemas. Os efeitos impressionam e tornam reais, dentro do possível, todas as criaturas da ilha.
Em sua estreia como diretor de primeiro escalão, Vogt-Roberts entrega um filme que deve ter agradado aos estúdios envolvidos e que deve agradar ainda mais o público. Oferecendo adrenalina de fácil consumo e com um espetáculo visual, “Kong” é puro entretenimento.