"Sob Pressão" vai mostrar o cotidiano caótico de um hospital
Derivada do filme de Andrucha Waddington, série estreia em julho na TV Globo

Uma pessoa menos atenta poderia acreditar que a emergência do Hospital Nossa Senhora das Dores, em Cascadura, na Zona Norte do Rio, hoje desativada, voltou a funcionar. Mas basta olhar ao redor para notar as câmeras e outros equipamentos de filmagem, e perceber que os médicos de jaleco e pacientes nas macas não passam de atores ou figurantes. Apesar do realismo em cada detalhe da produção, todo o movimento ali faz parte das gravações da série “Sob Pressão”, com estreia prevista para julho na Globo.
Comandadas pelos diretores Andrucha Waddington e Mini Kerti, as gravações estão sendo realizadas desde abril e vão até o fim do mês. A série, em nove episódios, é uma derivação do longa-metragem homônimo, lançado no fim do ano passado, e também dirigido por Waddington.
No filme, a equipe do Dr. Evandro (Júlio Andrade) lidava com um dilema ético para realizar três cirurgias complicadas num mesmo dia. Na produção para a TV, cada episódio trará um caso diferente. Serão dramas como o da menina que é abusada e tenta suicídio, o da mulher espancada em casa, ou o da grávida que não sabe que o marido está com Aids.
“Todo episódio terá uma trama que se fechará nela mesma: são os casos que entram pela porta de emergência. Paralelamente a isso, vamos mostrar a vida dos médicos. A trama é narrada pelo ponto de vista deles, que terão seus próprios dramas além do trabalho”, conta Waddington.
Coprodução da Globo com a Conspiração Filmes, a série acompanhará ainda, ao longo dos episódios, o romance entre Evandro, cirurgião-chefe da equipe médica de um hospital público, e a cirurgiã vascular Carolina (Marjorie Estiano). Viciado no trabalho e em remédios, ele ainda não superou a perda da mulher, Madalena (Natália Lage), que morreu durante uma cirurgia de emergência em seu turno.
“Assim como Evandro, Carolina também tem sua doença de alma. Ela tem uma origem simples e sofreu experiências violentas. Os dois se encontram em suas dores”, explica Marjorie, que também fez parte do elenco do filme que originou a série. “O longa tratava do sistema público de saúde e contava a história de um dia no hospital. Agora, ao entrar na vida dos doentes e dos médicos, também vamos levantar questões éticas e até políticas.”
Apesar de não glamourizar a figura dos médicos e de buscar um realismo na produção, a diretora Mini Kerti classifica seus protagonistas como heróis.
“Assistia a ‘ER’ e todas essas séries médicas estrangeiras, mas não via nada que relatasse a nossa realidade. A gente visitou hospitais e leu muitas coisas sobre o assunto. A saúde no Brasil é um caos. A ideia era fazer essa série hospitalar com as características que são particulares ao nosso país”, diz a diretora.
O projeto da série, criada por Luiz Noronha, Claudio Torres e Renato Fagundes, é livremente inspirado no livro “Sob Pressão – A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro”, do médico Márcio Maranhão, que também atua como consultor do programa.
A versão para a TV de tem redação final assinada por Jorge Furtado, que escreveu os episódios com Lucas Paraizo, Antonio Prata e Márcio Alemão.
“É um universo muito rico. Você fala de dramas humanos, de vários casos bem-sucedidos, que são emocionantes”, aponta Andrucha, que já faz planos para uma segunda temporada.
O elenco da TV não terá todos os atores do filme, caso de Andréa Beltrão e Ícaro Silva. Agora, além de Evandro e Carolina, a equipe médica da história será formada pelos personagens Samuel (Stepan Nercessian), diretor do hospital; Décio (Bruno Garcia), clínico geral; Rafael (Tatsu Carvalho), neurocirurgião; Amir (Orã Figueiredo), anestesista; Charles (Pablo Sanábio), residente; Jaqueline (Heloisa Jorge), enfermeira; e Kelly (Talita Castro), técnica de enfermagem. (Agência O Globo)